quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

...para ler Clarice é preciso ser Clarice ( Benjamin Moser)

Clarice Lispector conquistou certa unimidade na crítica e é lida com paixão por muitos brasileiros.No entanto, sua literatura ganhou uma aura de sofisticação, que gerou uma situação particular: uma escritora muito conhecida e pouco lida. Que imagem o leitor estrangeiro tem de Clarice Lispector?

Talvez eu não seja a melhor pessoa para dizer por que ela não é tão lida, pois não é minha experiência: quase todos brasileiros que conheço têm paixão por ela. Mas não foi sempre o caso: quando voltou ao Brasil, em 1959, ninguém no país queria editá-la. essas coisas levam seu tempo, sobretudo comescritores,como ela, que exigem uma compreensão paciente. O mesmo no estrangeiro: antes da publicação do meu livro ele era pouquíssimo conhecida do público fora da academia. Lá também vai levar tempo para ela se afirmar no panteão da literatura mundial, mas está ocorrendo e, como no Brasil, quando isso começar não vai parar mais. Porque uma obra desse calibre não pode se manter em segredo para sempre. ( Benjamimn Moser, biográfo de Clarice vírgula).
Parabéns Clarice Lispector,Nasce a 10 de dezembro em Tchetchelnik, na Ucrânia. ... nasceu e continua viva.
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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Por Nina Capel

Bom dia,

Iniciei o dia com a enorme vontade de deixar registrado aqui, nossos agradecimentos ao Programa Pensar e Agir com a Cultura, pela contribuição deixada em São João del-Rei.

Estamos em um momento importante, onde procuramos um maior desenvolvimento para o município e temos certeza que este se dará através da união, colaboração e participação de todos.

O Programa Pensar e Agir com a Cultura têm uma enorme participação neste processo por depositar credibilidade em nossos propósitos, abrindo portas, nos orientando em um caminho no qual apostamos.

Para quem não sabe, São João del-Rei se apresenta no ranking dos municípios que não possuem políticas públicas culturais, assim como em vários outros.

Com a apresentação de cada módulo proposto pelo Curso de Desenvolvimento e Gestão Cultural, percebemos que nossas necessidades se faziam maiores que a elaboração de projetos individuais. Precisamos de estabilidade e continuidade para a história de nossa cidade.

Através do Seminário Preparatório para a Conferência Municipal de Cultura oferecido pelo programa e com todas as orientações obtidas por toda sua equipe e seus convidados, acreditamos que será iniciada uma nova etapa para nosso setor cultural.

Espero deixar registrado, em pouco tempo, boas e novas notícias sobre o resultado de todo o trabalho realizado.

Obrigada!!!! Abraços

Nina Capel

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Conservatório de SJDR homenageia Villa-Lobos

Conservatório de SJDR homenageia Villa-Lobos

Semana começa segunda, 7 , e encerra dia 12

As músicas de Heitor Villa-Lobos, como Bachianas Brasileiras nº 5 e Trenzinho Caipira, poderão ser apreciadas durante toda a semana no Conservatório Estadual de Música Padre José Maria Xavier. A instituição promove de 7 a 12 de setembro a 5ª edição da Maratona de Piano que, este ano, homenageia o músico, compositor e maestro. A iniciativa partiu da direção do conservatório que realiza o evento para celebrar os 50 anos de morte de Villa-Lobos. O evento apresenta vários concertos, palestras, oficinas, exibição de filmes, lançamento de livros e audições com alunos da instituição.

Criada em 2005 a Maratona de Piano tinha o objetivo de promover uma integração entre os professores e estudantes do Conservatório. "O evento vem crescendo a cada ano. Começou como algo interno e hoje atinge não só as pessoas de São João del-Rei, como de outras cidades e estados brasileiros", informou a vice-diretora do Conservatório, Salomé Viegas.

A abertura será nesta segunda-feira, 7, às 20h, no teatro do Conservatório com uma audição dos professores e alunos do estabelecimento. Entre as atrações acontece, na terça-feira, 8, um concerto de espineta (instrumento musical semelhante ao cravo) com Regina Schlochauer e no sábado, 12, um recital de piano solo a quatro mãos com os professores de Belo Horizonte Júnia Canton e Heron Alvim. "Buscamos apresentar eventos diversificados que representem a história musical de nosso país e que também seja um atrativo para nosso público diversificado", ressaltou Salomé.

Ainda de acordo com a vice-diretora do Conservatório, a homenagem a Villa-Lobos busca resgatar e apresentar a obra de um dos maiores artistas do Brasil. "Villa-Lobos é um ícone nacional, conhecido mundialmente por sua extensa e bela obra de piano. Nada mais justo e gratificante poder homenagear uma pessoa que representa tanto para a música e para o país", informou Salomé.

As apresentações acontecerão no teatro do Conservatório e no Teatro Municipal de São João del Rei. A programação completa pode ser adquirida através do telefone (0**32) 3371-7672 ou no site www.conservatorio sjdr.com.br.

O homenageado

Heitor Villa-Lobos nasceu no Rio Janeiro, em 5 de março de 1887 e faleceu no dia 17 de novembro de 1959.Além da cidade do Rio de Janeiro, Villa-Lobos morou com a família nas cidades mineiras de Cataguases e Bicas. Nessas viagens, conhece as modas caipiras e os tocadores de viola, que formam parte do folclore musical brasileiro e que, mais tarde, vem a universalizar-se em suas obras.

Briga no mundo das bibliotecas virtuais...


Yahoo, Microsoft e Amazon se unem contra acordo que daria a Google Books monopólio do sistema de oferecimento de livros na internet Amazon, Microsoft e Yahoo! estariam prestes a unir forças para se opor a um acordo que pode transformar o Google na principal fonte on-line para muitos trabalhos literários, criando a maior biblioteca virtual do mundo.As três gigantes do setor de tecnologia devem se unir à coalizão Open Book Alliance, liderada pela organização sem fins lucrativos Internet Archive.A Internet Archive tem se oposto publicamente ao acordo firmado em 2008 entre o Google e editoras e autores e já digitalizou mais de 1,5 milhão de livros, tornando todos disponíveis de graça.O Google está tentando monopolizar o sistema de bibliotecas. Se o acordo for fechado, eles realmente serão "a" biblioteca e a única biblioteca, afirmou Brewster Kahle, fundador da Internet Archive.Microsoft e Yahoo! já confirmaram a participação na Open Book Alliance. A Amazon até o momento não fez comentários, pois a aliança ainda não foi formalmente lançada.

Acordo:

O acordo assinado no ano passado foi para encerrar dois processos contra o Google por desrespeito aos direitos autorais, abertos após a empresa ter escaneado livros sem autorização. O Google concordou em pagar US$ 125 milhões (cerca de R$ 230 milhões) para a criação do Registro de Direitos de Livros, no qual autores e editores poderiam registrar trabalhos on-line e receber remuneração. Autores e editores receberiam 70% da venda destes livros e o Google ficaria com os 30% restantes.O Google também ganharia o direito de digitalizar trabalhos cujos donos dos direitos autorais são desconhecidos. Acredita-se que estes trabalhos compreendam até 70% dos livros publicados depois de 1923.Os comentários a respeito deste acordo deverão ser registrados na Justiça americana até o dia 4 de setembro. No começo de outubro, um juiz de Nova York vai analisar se aprova a abertura de uma ação coletiva contra o acordo.O acordo do Google Books está injetando mais competição no espaço dos livros digitais, então é compreensível que nossos competidores lutem para evitar mais competição, afirmou a companhia em uma declaração.

Fonte: BBC Brasil

domingo, 30 de agosto de 2009

Florações

Há cidades que são capazes de cada coisa para quebrar a monotonia paralela de suas ruas e de sua história, de uma maneira que encanta sempre, ainda que poucos olhos deem de verdade agora com o que estão vendo.

Agosto. Muitos de nós não soubemos e outros tantos ainda resistem e não querem nem saber por que os ipês este ano adiantaram em uma, duas semanas a sua floração. Apenas nos extasiamos todos da cor espessa deste excesso de amarelo que nunca excede. Há outras cores, mas o amarelo se impõe. E imita sobre os muros dos quintais a rebeldia dos galhos das buganvílias, manchando a vida de cor.

Caminhando pelos cantos cada vez menos geométricos da cidade, professamos pelo menos por um instante que há sempre em nós coragem ou fragilidade – que importa a exatidão? – para acolher o anúncio deste tempo alinhavado de luz.

Houve quem, no entanto, reclamasse a passagem deste ano. Ontem ainda o encorpado vestido, hoje, novamente a nudez. E em quase nada a ossatura exposta dos galhos que hoje habitam os olhos lembrariam a floração de uns dias atrás.

E a cidade nos abandona em nossa nostalgia da cor passada. Silente. Como se não fosse mais se mover em busca de uma outra cor antes da próxima floração. E cai sobre a calçada e em nossos olhos a noite que se escreve para além do tempo.

A noite desinventa quase todas as diferenças, quase todas as cores, enquanto gesta outras tantas diferenças e cores.

Amanhece a penúltima segunda-feira deste agosto econômico em flores. Mas há quem prescinde tanto delas quanto das palavras. E é nela que penso agora que meus olhos de súbito voam de um canto ao outro de cada uma das ruas aqui do centro. Por que insisto enfrentá-la de minha paixão por flores e palavras? Que gosto há nestes desejos? Que desejos há nesta renúncia de palavras e flores?

De ambos os lados dos cais nasceu poesia do silêncio e da solidão de uma noite mantida às margens da cidade, por vezes, à revelia do brilho do dia. Como quem sabe a estação exata. O tempo de duração de certas eternidades não necessariamente precisa senão do infinito de sua brevidade própria, do tempo da escrita de sua passagem. E uma nova floração se abre sobre a página da cidade, múltipla em palavras que ao dorso ou ao curso da língua até podem ser lidas flores. Serão?

Ah, você que pode prescindir de flores e palavras, aceite apenas por mais estes dias esta cidade escrita que trago em minhas mãos e nos meus olhos e que ainda ouso te oferecer. Por nada quase – não fosse pela tua reprovação neste sorriso que sei ilumina sua alma.

(Nilo da Silva Lima)

[Em homenagem aos jovens poetas e escritores das oficinas literárias do Felit - Festival de Litertatura de São João del-Rei - num reconhecimento de sua diferença dos demais festivais literários]

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Fernando Pessoa...

Primeiro Fausto - O mistério do Mundo

Basta ser breve e transitória a vida

Para ser sonho. A mim como a quem sonha,

E escura pesa a certa magoa

De ter que despertar - a mim, a morte,

Mais como o horror de me tirar o sonho

E dar-me a realidade, me apavora,

Que como morte.

(...)

Sim, este mundo com seu céu e terra,

Com seus mares e rios e montanhas,

Com suas arvores, aves, bichos, homens,

Com o que o homem, com translata arte,

De qualquer construção divina fez...

(...)

O pensamento da hora inevitável

E a verdade da morte me confrange.

Pudesse eu, sim, pudesse, eternamente

Alheio ao verdadeiro ser do mundo,

Viver sempre este sonho que é a vida!

¨...)

Quantas vezes, pesada a vida busco

No seio maternal da noite e do erro,

O alivio de sonhar, dormindo; e o sonho

Uma perfeita vida me parece

(...)

Porque depressa passa. E assim é a vida.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Seminário Preparatório Conferência Mun. de Cultura

CULTURA E PARTICIPAÇÃO

SEMINÁRIO PREPARATÓRIO PARA A CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA DE SÃO JOÃO DEL REI

Data de realização: 27 a 30 de julho de 2009

Local:

Informações:

Inscrições:

Realização

OBJETIVO: O seminário tem como objetivo contribuir para o processo de estruturação de um Conselho Municipal de Cultura em São João Del Rei, por meio de palestras, debates e grupos de trabalho sobre políticas públicas de cultura, participação e consolidação de parcerias entre sociedade civil e instituições públicas.

PROGRAMAÇÃO:

Dia 27 de julho

19 horas: Abertura

  • Ralph Araújo Justino - SMCT
  • Marcos Vieira Silva - UFSJ
  • Agenor .Simões – SEC/MG
  • José Márcio Barros - Programa Pensar e Agir com a Cultura
  • Representante dos alunos do Curso Desenvolvimento e Gestão Cultural

19: 30 horas

Palestra: O papel dos municípios no desenvolvimento da cultura e a participação no Sistema Nacional de Cultura

Bernardo da Mata Machado: Historiador e Cientista Político, diretor de teatro, ex-secretario adjunto de Cultura de Belo Horizonte, pesquisador da Fundação João Pinheiro e Assessor da Secretaria de Articulação Institucional do Ministério da Cultura

Dia 28 de julho

19 horas

Mesa redonda: Os componentes e os desafios para a criação de um Conselho Municipal de Cultura

Bernardo da Mata Machado

José de Oliveira Jr - Especialista em Novas Tecnologias, Coordenador da Rede de Gestores Regionais de Cultura

José Márcio Barros – Antropólogo, Professor da PUC Minas e da UEMG, Coordenador do Pensar e Agir com a Cultura, Consultor do MINC

Dia 29 de julho

19 horas

Palestra: A experiência de democratização da gestão cultural em Rio Branco (Acre)

Eurilinda Gomes Figueiredo – especialista em Lingüística, Diretora de Cultura da Fundação Municipal de Cultura Garibaldi Brasil de Rio Branco (Acre)

Dia 30: Grupos de Trabalho

16 horas

Aspectos formais e institucionais: José Márcio Barros

Mobilização e participação da Sociedade Civil: Eurilinda Figueiredo e José de Oliveira Jr

Produção e Comunicação: Priscilla D’Agostini

21 horas: Conclusões e Propostas

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Para quem quer aprender a gostar

Para quem quer aprender a gostar

Artur da Távola

Talvez seja tão simples, tolo e natural, que você nunca tenha parado para pensar: aprende a fazer bonito o seu amor! Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito. Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito. Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender.

Tenho visto muito amor por aí. Amores mesmo, bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de en­trega, doação e dádiva. Mas esbarram na dificuldade de se tor­narem bonitos. Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção. Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras.

Aí, esses amores que são verdadeiros, eternos e descomu­nais, de repente se percebem ameaçados apenas e tão-somente porque não sabem ser bonitos: cobram; exigem; rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de compreender; necessitam mais do que oferecem; precisam mais do que atendem; en­chem-se de razões. Sim, de razões. Ter razão é o maior perigo no amor. Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça, equidade, equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez passe por um mo­mento de sua vida no qual não possa ter razão. Nem queira.

Ter razão é um perigo: em geral enfeia o amor, pois é invo­cado com justiça, mas na hora errada. Amar bonito é saber a hora de ter razão.

Ponha a mão na consciência. Você tem certeza de que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando do gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da alegria do encon­tro, da dor do desencontro, a maior beleza possível? Talvez não. Cheio ou cheia de razões, você espera do amor apenas aquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando tal­vez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer. Quem espera mais do que isso sofre e, sofrendo, deixa de amar bonito. So­frendo, deixa de ser alegre, igual, irmão, criança. E sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.

Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia. Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de quem você ama. Saia cantando e olhe alegre. Recomendam-se enca­bulamentos; ser flagrado gostando; não se cansar de olhar, e olhar; não atrapalhar a convivência com teorizações; adiar sempre, se possível com beijos, “aquela conversa importante que precisamos ter”; arquivar as reclamações pela pouca aten­ção recebida. Para quem ama, toda atenção é sempre pouca. Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda a atenção possível. Quem ama bonito, não gasta o tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter.

Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres escri­tores que vemos a vida como a criança de nariz encostado na vitrina cheia de brinquedos dos nossos sonhos). Apenas ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora.

Não tenha medo exatamente de tudo que você teme, como: a sinceridade; não dar certo; depois vir a sofrer (sofrerá de qualquer jeito); abrir o coração; contar a verdade do tama­nho do amor que sente.

Jogue pro alto todas as jogadas, estratagemas, golpes, esper­tezas, atitudes sabidamente eficazes (não é sábio ser sabido); seja apenas você no auge de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser. Seja você cantando desafinado, mas todas as manhãs. Falando besteira, mas criando sempre. Gaguejando flores. Sentindo o coração bater como no tempo do Natal infantil, revivendo os carinhos que intuiu em criança. Sem medo de dizer eu quero, eu gosto, eu estou com vontade.

Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou fazer bonito o seu amor, ou bonitar fazendo amor, ou amar fazendo o seu amor bonito, sempre que ele seja a verdadeira expressão de tudo o que você é e nunca conseguiu, soube, pôde ou foi possível ser.

Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se preo­cupe com ele e suas definições. Cuide agora da forma. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide do carinho. Cuide de você. Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e, só assim, poder fazer o outro feliz.